domingo, agosto 31, 2008

Classico Benfica-- Porto (1-1)




30/08/2008 FUTEBOL
Liga Sagres: Benfica 1-1 FC Porto
Contra ventos e marés!

Lesões, uma expulsão, uma grande penalidade… tudo aconteceu ao Benfica no “clássico” de sábado, relativo à 2.ª jornada da Liga Sagres, mas nem por isso a formação liderada por Quique Flores deixou de mostrar um coração do tamanho do Mundo. Os quase 54 mil benfiquistas presentes na Luz não terão, como é natural, de se contentar completamente com o resultado, mas sim com a impressionante atitude revelada pelos jogadores que vestem de águia ao peito. Uma manifestação de coragem na mesma noite em que os heróis olímpicos benfiquistas também puderam ser aplaudidos de pé pela massa adepta “encarnada”.

O pormenor

Num “clássico” que, ano após ano, apresenta poucos golos como imagem de marca, um pormenor poderia decidir muito. Pormenor esse que, desta feita, aconteceu bem cedo, logo aos 11 minutos, quando Jorge Sousa descortinou uma falta de Katsouranis sobre Lucho e apontou para a marca de grande penalidade. Naquele momento, um balde de água fria tombou sobre uma Luz que aquecia cada vez mais, tal a boa entrada do Benfica em jogo. Naquele momento, o FC Porto ganhava vantagem, pois Lucho não repetiu o erro da final da Supertaça e converteu de forma certeira a grande penalidade. E, assim, pouco fazendo para o merecer, o FC Porto chegava à vantagem.

Sem esmorecer, um Benfica a actuar num 4-4-2 bem aberto (Di María e Reyes em estreia), dispôs duas soberbas oportunidades para empatar logo depois, mas, ora Helton, ora Lisandro (este em cima da linha de golo), detiveram dois remates de Reyes com selo de golo, ambos nascidos em lances de bola parada. O FC Porto assustou-se e reagiu de seguida, obrigando Quim a duas fantásticas defesas em remates cruzados de Lisandro e Rodriguez.

Este último, no entanto, deveria ter ido mais cedo para os balneários quando, aos 26’, não evitou uma entrada sobre Quim depois de chegar atrasado a uma bola que lhe foi endossada. O amarelo mostrado por Jorge Sousa a pecar por escasso, sendo que se juntarmos a esta situação uma outra em que o uruguaio gerou o lance menos bonito, em termos disciplinares, na segunda parte, menos se compreende o porquê de o uruguaio não ter ido mais cedo para os balneários.

A primeira parte, onde o Benfica mostrou futebol agressivo e aberto (com rápidas trocas posicionais, uso das faixas e diagonais, tendo quase sempre Aimar e Reyes como protagonistas), até acabou não sem antes Lucho (o melhor portista) encontrar Lisandro numa das suas habituais diagonais. Após a bola endossada, o remate de primeira, sendo o poste a evitar males maiores para o Benfica.

Saber marcar… e saber sofrer

Se na primeira parte o Benfica não fora feliz, a etapa complementar revelou-se um tremendo teste à sua capacidade de sofrimento. Contra ventos e marés, teve este Benfica de Quique Flores de mostrar o seu estofo psicológico, pois tudo lhe aconteceu. Senão note-se: primeiro Aimar e depois Léo… ambos tiveram de sair por lesão, tendo Katsouranis visto o segundo cartão amarelo por uma falta a meio-campo, um minuto depois de o Benfica ter chegado à igualdade (aos 55’) num cabeceamento de Cardozo, após mau alívio de Helton com os punhos. Uma jogada iniciada por Yebda que numa arrancada do meio para a esquerda desequilibrou a defesa contrária.

Apesar de todas as infelicidades registadas na segunda parte, o Benfica defendeu sempre com uma coragem imensa ao longo da última meia hora e mesmo quando a alargada frente portista (Lisandro, Hulk, Rodriguez e Candeias) parecia estar perto do golo, ou era Sidnei e Luisão a revelarem um enorme acerto, ou era Quim a mostrar toda a sua categoria, segurando um empate que acaba por se ajustar mas que tem um sabor especial para um Benfica que revelou coragem, humildade e maturidade na forma como abordou cada fase do jogo.

domingo, agosto 03, 2008

Empate no torneio Cidade de Guimarães

É certo que ainda não foi este sábado, na estreia no Torneio de Guimarães, que o Benfica alcançou a primeira vitória da pré-época, mas a qualidade revelada pelos "encarnados", em especial na última meia hora do jogo com o PSG, deixa a certeza que a equipa está a crescer conforme Quique pretende. É certo que durante parte do jogo foi o PSG a superiorizar-se no marcador e a controlar o maior pendor ofensivo do Benfica, mas a resposta benfiquista tem de ser registada.

É que depois de Carlos Martins ter dado o exemplo (encheu o campo), foram os avançados – Makukula e Cardozo – usados por Quique Flores na segunda parte a darem a volta ao marcador. Sidnei (bela estreia, apesar de um momento infeliz no segundo golo gaulês) esteve mesmo, a terminar, à beira de dar a vitória ao Benfica, mas, tal como antes acontecera a Carlos Martins, viu o poste negar-lhe a felicidade. Muita expectativa, pois, para o V. Guimarães-Benfica da próxima segunda-feira, onde se decidirá este Torneio de Guimarães.

Armadilha francesa

Pressionar alto e em bloco, fazer uso de uma defesa subida (que em muitos momentos usou a armadilha do fora-de-jogo) e controlar os ritmos da partida, mercê de uma eficaz circulação de bola, foram elementos em voga no Benfica que se apresentou ante os fraanceses do PSG em pleno Torneio de Guimarães (que levou 12 mil espectadores ao D. Afonso Henriques).

No entanto, tais elementos foram insuficientes para que o Benfica desse uma imagem de superioridade sobre o adversário. É que raras vezes, na primeira parte, a bola chegou em condições jogáveis aos elementos mais avançados do Benfica (Nuno Gomes a surgir pela primeira vez nesta pré-época, tendo Aimar como apoio directo), sendo as alas usadas apenas espaçadamente. Alas essas onde Balboa e Nuno Assis receberam o apoio de Maxi Pereira e Jorge Ribeiro.

Por seu turno, o PSG, com Sessegnon e Rothen em especial evidência no apoio ao atacante Pancrate, acedeu à maior posse de bola benfiquista, mas esteve longe de assumir uma postura passiva, conseguindo, em alguns momentos, surgir em situações benéficas junto da área benfiquista. O melhor exemplo dessa postura surgiu aos 37 minutos, quando Binya (que actuou ao lado de Carlos Martins – o melhor do Benfica) perdeu uma bola em zona de ataque e os franceses transformaram, em quatro/cinco toques, uma jogada supostamente inofensiva numa clara oportunidade de golo que Pancrate não desperdiçou, picando a bola por cima de Quim, esta noite dono das redes benfiquistas.

Desilusão benfiquista perante um adversário matreiro e que, fechando bem todos os espaços, limitou claramente a segunda fase da construção de jogo benfiquista. A excepção surgira unicamente aos 20 minutos, quando Aimar ganhou espaço na zona central do ataque, mas o remate do argentino, após ser desviado por um defesa contrário, “fugiu” das redes, perdendo-se pela linha final. Um lance que, ainda antes do golo francês, poderia ter mudado a face de um jogo a gosto da formação orientada por Paul Le Guen.

Da desilusão ao melhor Benfica

Apresentou-se o Benfica mais incisivo na etapa complementar. Quique ofereceu centímetros ao ataque, apostando em Makukula e Cardozo; deu liberdade a Urreta e mais espaço de manobra a Aimar (embora surgindo descaído para a esquerda, flanco para onde entrou Léo). Foi mesmo o argentino quem desbravou caminho para a entrada de Carlos Martins que, do meio da rua, atirou uma bomba à barra da baliza gaulesa, corria o minuto 53. A resposta não podia ser, ainda assim, mais dura: nova jogada de envolvimento dos franceses, com centro da esquerda para o tiro fatal de Pancrate, após falha na intercepção de um Sidnei que até então não cometera um único erro e se exibira a um nível muito elevado. Um erro, é certo, que não pode manchar uma folha de serviço quase impecável de um jovem a rever.

Curiosamente, foi a perder por 2-0 que mais o Benfica se soltou da teia gaulesa e criou as melhores oportunidades. Assim, se Landreau conseguiu mostrar reflexos para deter nova bomba de Carlos Martins (na transformação de um livre directo, aos 67’), de nada valeu a sua estirada quando, aos 73’, Makukula fez o seu segundo golo na pré-época via um potente remate à entrada da área. Era o tónico que a equipa precisava.

É que, cinco minutos depois, na sequência de um lançamento de linha lateral de Binya, eis que Cardozo ganhou a bola na área e, com um toque subtil, levou a bola a beijar as redes, dando uma maior justiça ao resultado. E, não fora o poste, o Benfica teria mesmo ganho, na sequência de um esforço final. Sidnei atirou forte, mas não concretizou a reviravolta. Tal como mostra o 2-2 final, a exibição do Benfica teve coisas a rever, mas muitas melhoras. Os benfiquistas podem esperar uma equipa cada vez mais forte e compacta, afinal de contas, ao estilo do que Quique pretende.

Ficha de Jogo

Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

Benfica - Paris Saint-Germain, 2-2.

Ao intervalo: 0-1.

Marcador:
0-1 - Pancrate, 29 minutos.
0-2 - Pancrate, 58 minutos.
1-2 - Makukula, 74 minutos.
2-2 - Cardozo, 80 minutos.

Equipas:

- Benfica: Quim, Maxi Pereira, Luisão (Miguel Vítor, 65), Sidnei, Jorge Ribeiro (Léo, 46); Binya, Carlos Martins (Filipe Bastos, 69), Nuno Assis (Urreta, 46), Balboa (Cardozo, 46); Aimar (Ruben Amorim,
55) e Nuno Gomes (Makukula, 46).
(Suplentes: Moreira, Moretto, Ed Carlos, Léo, Nelson, David Luiz, Miguel Vítor, Katsouranis, Filipe Bastos, Ruben Amorim, Yebda, Urreta, Makukula).

- Paris SG: Landreau, Ceara, Camara, Sako, Armand; Mulumbu, Clément; Chantôme (Garcia, 59), Sessegnon (Bourillon, 70), Rothen; Pancrate (Boli, 59).
(Suplentes: Apoula, Bourillon, Luyindula, Hoarau, Garcia, Traore, Mabiala, Arnaud, Boli, Ngoyi, Sankhare).

Árbitro: Vasco Santos, do Porto.

Acção disciplinar: cartão amarelo para Armand (34), Rothen (90).

Texto: Ricardo Soares
(Site oficial)