sexta-feira, novembro 03, 2006

Fernando Santos e o Benfica dos dois últimos meses

Após um início de época mais irregular, o Benfica está a revelar nos últimos dois meses um futebol de qualidade e os resultados começam a aparecer. Fernando Santos está contente com o trabalho realizado e sente que, aos poucos, a equipa está a adquirir o equilíbrio entre os processos defensivos e ofensivos. Assim, e em vésperas de receber o Beira-Mar na Luz, em jogo a contar para a nona jornada da Bwin Liga, o Benfica está bem e recomenda-se.

«Karagounis... só amanhã»

P – Que Beira-Mar espera na Luz?
R –
Espero um Beira-Mar um pouco à imagem do Celtic, ou seja, apostando na estabilidade defensiva e tentando surpreender-nos no contra-ataque. Mas nós teremos de entrar em campo com a mesma dinâmica ofensiva e concentração defensiva. Só assim poderemos chegar à vitória.

P – Este encontro fica marcado pelo reencontro com Jardel, um ponta-de-lança que bem conhece.
R –
O Jardel é um ponta-de-lança com características únicas. Apesar de toda a gente saber qual o seu movimento favorito, é sempre complicado acompanhar o seu timing de entrada e de salto. Poucos jogadores sabiam marcá-lo. O Litos [ex-Boavista] e o Leal [ex-Estrela da Amadora] eram dos poucos que o faziam da melhor forma. Enfim, conheço dois ou três defesas que o faziam bem. Os golos nasceram com ele, mas é óbvio que rendia mais em grandes clubes, pois agora tem de correr mais em busca da bola e sabe-se que esse não é o seu forte. De qualquer forma, espero que ele nem tenha muita bola, pois nós queremos dominar a partida e não conceder muitos espaços ao Beira-Mar.

P – Karagounis está a treinar sem limitações há dois dias. Conta convocá-lo?
R –
Só amanhã terei a confirmação se está completamente dado como apto clinicamente. Por isso mesmo, não poderei revelar hoje se será um jogador a convocar ou não.

«Karyaka rende a jogar livre»

P – A equipa viveu altos e beijos ao longo deste início de temporada, mas parece estar agora a atravessar uma boa fase...
R –
Há que convir que tivemos um início de época atípico. Saíram vários jogadores e outros entraram, pelo que realizámos uma pré-época e início de temporada um pouco a conta-gotas. No entanto, julgo que temos vindo a marcar posição ao longo dos dois últimos meses. Curiosamente, ao contrário do que seria suposto, conseguimos estabelecer, primeiro, a dinâmica ofensiva, e só depois a defensiva. Estamos agora a caminho do equilíbrio.

P – Até para manter tal equilíbrio, pretende manter a estrutura defensiva que tem alinhado nos últimos jogos?
R –
Mas tal equilíbrio não depende dos nomes de quem joga, mas sim da organização da equipa. E isso terá de ser fundamental em todos os jogos e não apenas em alguns. Aplicando tais valores, as características individuais dos nossos atletas virão ao de cima.

P – Quanto a Karyaka, parece renascido...
R –
Sabe, desde cedo que senti que o Karyaka andava um pouco à margem. Mesmo na Suíça, apesar de ter trabalhado de forma séria, notou-se que não estava bem. Passou por fases difíceis, mas deixei-lhe bem claro que conto com ele, tal como com todos. Agora, não posso é utilizar o Karyaka à esquerda. Não sei se ele veio para essa posição, mas tenho a certeza que rende, sim, é actuando livre, o que é possível no nosso esquema de jogo. Tem coisas muito positivas, porque entra bem e gere igualmente bem a posse de bola. Não é ao acaso que era uma das figuras do campeonato russo. Só lhe falta apurar a resistência.

«Rui Costa surgirá no momento certo»

P – O Benfica está a disputar dois jogos por semana. Não encara a possibilidade de aplicar uma maior rotatividade no plantel?
R –
A rotatividade até pode ser feita quando um treinador trabalha com um plantel há três ou quatro anos, mas não neste caso. Há que saber gerir as entradas e saídas do “onze” e não sou apologista de grandes mudanças nesta altura.

P – Mas existem jogadores que começam a ficar desgastados...
R –
Se for perguntar a algum jogador se este se sente cansado, acredite que todos lhe dizem que não. Devemos, sim, fazer descansar um jogador em determinadas situações em que não há outro caminho, de forma a gerir a sua forma física.

P – Agora que foi confirmado que Katsouranis não será castigado, em virtude da lesão de Anderson, qual a sua opinião acerca deste caso?
R –
Sinceramente, falou-se muito mas nunca me preocupei com qualquer castigo que fosse.

P – O treinador do FC Porto afirmou que tinha uma premonição de que o seu jogador sairia lesionado do “clássico”...
R –
Sou demasiadamente amigo do Jesualdo para responder a essa pergunta.

P – Mas parece-nos uma forma irónica de julgar o que se passou...
R –
Eu não sou adivinho. Apenas constato factos. Não faz parte da minha forma de estar no futebol adivinhar o que se vai passar.

P – Quanto a Rui Costa, como tem o grupo vivido com a sua ausência?
R –
Estamos a ajudá-lo nesta fase menos boa e julgo que com a sua experiência e carácter vai aparecer em grande. Vamos, sim, esperar que surja no momento certo.

P – Que momento será esse?
R –
Não faço adivinhações.

P – Que comentário lhe merece a excelente jornada europeia das equipas portuguesas?
R –
Trata-se de um dado muito importante para o futebol português, porque este tem de se manter nos lugares de topo. É uma forma de sobrevivência, em termos futebolísticos, para países como o nosso.

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