domingo, dezembro 03, 2006

Uma fórmula mágica





O Benfica acordou de madrugada para um triunfo seguríssimo e incontestável. O tremendo melindre da situação pontual e classificativa do Benfica, valoriza ainda mais a sua capacidade de resposta no jogo de ontem e revigora a sua candidatura na luta pelo primeiro lugar. Era um jogo de tudo ou nada para os encarnados – na medida em que o alargar da desvantagem ameaçava ser fatal – e Fernando Santos arriscou, com uma ‘nuance’ inesperada na organização do ataque: colocou os seus dois homens mais velozes e versáteis junto aos centrais leoninos, deixando Nuno Gomes no apoio, na posição de camisola dez. Esta alteração ajudou a lançar a perturbação na defesa do Sporting, obrigando a ajustamentos que demoraram tempo precioso. Quando despertou era tarde demais. Tinha a casa roubada.

Isto para dizer que, aos 3’, já as águias faziam a festa (adiada por Ricardo, segundos antes). O mote para um triunfo a acreditar na conta do técnico encarnado. Nesta versão de ‘choque e pavor’, os leões não teriam apenas de considerar o prejuízo, porque como se veria logo a seguir, o primeiro problema a resolver era o défice na sua própria dinâmica de jogo. Paulo Bento decidiu recuperar Romagnoli para este importante desafio, acreditando porventura tratar-se da melhor forma de contornar o abaixamento de produção de Nani, mas o argentino voltou a não subsidiar a fluidez na organização atacante dos anfitriões.

A ela acresce o eclipse inusitado da capacidade goleadora de Liedson e a inocuidade de Bueno – um caso aparentemente crónico de falta de instinto, apesar das boas situações que se lhe deparam, mas que nunca consegue resolver com um mínimo de qualidade aceitável.

Em contraste, a simplicidade de processos do arqui-rival da Luz era desarmante. Segurança defensiva, rápidas saídas em contra-ataque e muita objectividade – esteve mais próximo o terceiro golo dos encarnados, na etapa inicial, do que a redução da diferença no marcador. Miccoli – o temível bombardeiro que o Benfica conseguiu recuperar a tempo para este crucial desafio – e Nuno Gomes protagonizaram as melhores ocasiões para ampliar a marca.

Mística de Simão


Falhada a aposta inicial, Paulo Bento tentou emendar na segunda parte… Mas a desvantagem pesava mais do que a vontade. Yannick Djaló trouxe, é verdade, um pouco mais de vivacidade ao Sporting, Martins poderia trazer maior precisão no passe e meia-distância. Passou-se porém, que o Benfica geriu com mestria esta vantagem, foi inteligente na ocupação dos espaços e os dois golos de avanço tranquilizavam, davam alento e concentração extras.

Simão Sabrosa surpreendeu desde o início pela forma como conseguiu incomodar os centrais encarnados, inclusivamente no jogo aéreo (!) e foi, conjuntamente com Ricardo Rocha (uma das suas melhores exibições de sempre com a camisola do Benfica), a chave do sucesso. Pelas razões aduzidas, pelo golo, e também pela importância na cristalização do resultado na fase de maior assédio ofensivo dos leões, leva deste estádio a sua melhor recordação. Na verdade, tratando-se do terceiro jogo consecutivo a marcar nos dérbis – começa a justificar o estatuto “mítico” que Liedson também reclama(va) neste embate muito especial.

O fim


Na última meia-hora, o treinador leonino tentou quase tudo para reverter a situação. Fez subir Tello, jogando com três centrais e sacrificando mais João Moutinho, substituiu Bueno por Alecsandro, chegou a jogar com uma linha de quatro avançados… Nenhuma destas alterações surtiu o golo também por mérito do guarda-redes Quim (uma das figuras da noite). Foi, em suma, um jogo em que nada correu bem aos homens da casa. A dez minutos do fim, Polga (numa noite infeliz) deu uma joelhada em Nuno Gomes e atirou a toalha ao chão.

SPORTING 0 - BENFICA 2


estádio José Alvalade
relvado irregular
44 042 mil espectadores
Jorge Sousa [AF Porto]
José Ramalho + Amândio Ribeiro
4º árbitro: Hélio Santos

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