terça-feira, agosto 29, 2006

«Luís Filipe Vieira tem muito a dar ao Benfica»

«Luís Filipe Vieira tem muito a dar ao Benfica»

O treinador do Benfica esteve, ao final da manhã de sexta-feira (logo a seguir ao final do treino realizado no Caixa Futebol Campus) à conversa, durante largos minutos, com a comunicação social, tendo comentado os vários temas que dominam a actualidade benfiquista. Frontal, dono de um discurso fluído e deixando a sua opinião pessoal bem vincada, Fernando Santos abriu, assim, o jogo aos adeptos benfiquistas, dando a conhecer um pouco melhor o seu trabalho e as suas opiniões.

Preparados para domingo

O treinador benfiquista começou por ser questionado acerca da sua posição no “caso” Mateus. Apesar de o nome do adversário que defrontará o Benfica na Luz, no próximo domingo, às 19h15, ter mudado diversas vezes ao longo das últimas semanas, Fernando Santos fez-se valer da última decisão da FPF, pelo que, como confirmou, tem «preparado o jogo diante do Belenenses». «Que eu saiba é esse o adversário que vamos defrontar». «Agora, não me peçam para ter uma posição acerca do assunto. A minha posição é só uma: ganhar no domingo», sintetizou.

Assim sendo, e confirmando-se que os “azuis” vão mesmo ficar na Liga e jogar na Luz a 1ª jornada da prova, o que esperar desta equipa? Fernando Santos disparou: «Trata-se de uma equipa feita à imagem do seu treinador [Jorge Jesus], pelo que virá à Luz com ambição e procurando surpreender-nos», alertou. Ainda assim, segundo Fernando Santos, «o Benfica terá de se impor com naturalidade, em sequência do trabalho até aqui realizado».

Trabalho esse que, apesar da indefinição do “caso” Mateus, não tem sido afectado: «É certo que alguns jogadores já me perguntaram se havia jogo, até porque há partidas internacionais a meio da próxima semana, mas assim que soubemos que tínhamos de jogar, nem se pensou em mais nada, senão em ganhar», contou. E no caso de se assistir a um adiamento da partida? Fernando Santos afirma que esse seria um cenário complicado, até porque «o Benfica terá dificuldades em encaixar datas, mas tal seria possível entre a 13ª e 14ª jornada». Em última instância, Fernando Santos lembrou que este tipo de polémicas não se circunscrevem a Portugal: «Também na Grécia, de onde vim, existiam situações semelhantes. Ainda esta época estiveram à beira de ficarem impedidos de terem clubes na UEFA», lembrou, não sem antes mostrar-se «triste por Portugal ainda falhar em certos aspectos, mesmo após os clubes e as selecções elevarem tão alto o seu nome».

Os lesionados e... Miguelito

De qualquer forma, e partindo do princípio que é quase certo que o Benfica jogue já este domingo, Fernando Santos terá vários problemas para resolver, até porque vários são os lesionados. Foi o próprio técnico que confirmou não poder contar com Rui Costa, Miccoli, Simão, Alcides e Nuno Assis para a estreia na Liga, sendo certa a entrada de Léo na lista de convocados. Por outro lado, Santos confirmou que «Petit e Nuno Gomes estão em condições e podem jogar, após terem realizado exames complementares diagnóstico». Quando questionado acerca desta onda de lesões, Fernando Santos declinou tal expressão e explicou: «Não se trata de uma onda, mas sim de uma natural adaptação aos novos processos de trabalho e às cargas de treino. Esta situação vai melhorar», vaticinou.

Quanto a Miguelito e Karagounis, não podem jogar porque não estão inscritos, apesar de Fernando Santos ter confirmado que tal acontece por diferentes razões: «O Miguelito até poderia jogar, tal a forma como já assimilou os nossos processos de jogo e até a forma física em que se apresentou, mas ainda não está inscrito. Já o Karagounis não foi inscrito porque deverá sair do clube, a seu próprio pedido», contou.

Confiança e respeito na Liga dos Campeões

O treinador “encarnado” comentou, pela primeira vez, o resultado do sorteio da Liga dos Campeões que, como se sabe, ditou o acasalamento de Manchester United, Celtic Glasgow, Benfica e Copenhaga no Grupo F. Segundo Fernando Santos, «em qualquer circunstância o Benfica teria confiança no seu valor, mas igualmente respeito pelo adversário». «Esta situação não é diferente, mesmo tendo em conta que não ficámos no grupo do Chelsea e do Barcelona», alertou.

Mas Santos deixou, desde logo, uma garantia: «O primeiro jogo, em Copenhaga, vai ser decisivo. É fundamental entrarmos bem. Para que isso aconteça, precisamos de nos documentar acerca do Copenhaga e já no domingo teremos um colaborador a assistir a um jogo deles, antes de realizarmos uma última observação». No final, o objectivo é apenas um: «Entrar em campo com confiança, respeito e sem presunção. Temos qualidade individual e colectiva e vamos demonstrá-lo», afirmou.

«Não me sirvo a mim próprio e sim ao Benfica»

Quando questionado acerca do desafio pessoal que tem pela frente, após ter ouvido alguns assobios quando o seu nome foi apresentado, antes do jogo com o Áustria de Viena, Fernando Santos brincou, afirmando que «em 58 mil pessoas é normal que algumas assobiem». «Tenho enfrentado desafios constantes na minha carreira e o que é certo é que os tenho ganho. Falam por mim os títulos conquistados e as melhores classificações obtidas pelos clubes por onde passei», sublinhou. «Sei que na pré-época passámos por uma fase menos boa, mas não me sirvo a mim próprio e sim ao Benfica. Em alguns jogos realizados nessa fase eu poderia ter apenas pensado nos resultados e colocado em campo apenas jogadores que já trabalhavam há três semanas e não apenas há três dias», lembrou não sem antes afiançar que «a equipa está a crescer no caminho certo e nos jogos com o Áustria de Viena já realizou jogadas de qualidade e marcou bons golos. Por outro lado, gostei do que vi na Luz em termos de agressividade e de procura da posse de bola», confessou.

Abordou-se, de seguida, a questão relativa à diferença (para melhor) de produção existente quando Rui Costa está em campo. Fernando Santos admitiu a qualidade do nº10, mas lembrou que o seu propósito passa por «construir uma equipa que possa actuar sem se ressentir da presença de alguns elementos, centrando a sua força nas transições entre a defesa e o ataque, na sua filosofia de jogo e na certeza dos automatismos». Quanto à possibilidade de utilização de Nuno Gomes como playmaker, na ausência de Rui Costa, Santos confessou ser essa «uma possibilidade que nem era inovadora». Diego também foi “proposto” para ocupar o lugar do lesionado nº10, mas Fernando Santos desde logo descartou tal chance: «Trata-se de um trinco clássico, ainda pouco veloz e em fase de adaptação ao futebol português. Será mais útil noutras situações», afiançou.

Por último, em jeito de apelo, Fernando Santos deixou bem claro o seu «apoio a Luís Filipe Vieira», alvo de especulações do foro judicial durante o dia de ontem. «Estamos todos com ele a 200 por cento e espero que fique connosco. Sabemos o que tem feito pelo clube e o que é, enquanto homem. Ficou ferido com esta situação, mas vai reagir, pois tem muito a dar ao Benfica».

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