terça-feira, agosto 01, 2006

Oito dias para mudar



Pela quarta vez, em cinco jogos, o Benfica sofreu uma amarga derrota, desta feita em pleno Estádio Olímpico de Atenas, diante do AEK. Fernando Santos pôde constatar, neste encontro de preparação, que terá de ajudar os seus pupilos a compreenderem que muito terá de ser mudado dentro de oito dias, quando o Benfica se deslocar a Viena, onde defronta o Austria, em encontro a contar para a primeira mão da terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Que se passa Benfica?
O emblema português apresentou-se no Olímpico de Atenas com uma formação muito parecida àquela que tem servido de base do seu trabalho na pré-época, sendo que o 4-4-2 em losango dava, nesta tarde, as boas-vindas a Quim (titular na baliza pela primeira vez esta temporada) e a Manú (no lugar que é usualmente ocupado por Miccoli). No entanto, e tal como muitos receavam, voltou a ser o Benfica lento e sem soluções (que desiludiu no Torneio do Guadiana) aquele que se apresentou diante do AEK Atenas, equipa muito motivada na partida mais importante da sua pré-temporada e que, à imagem dos “encarnados”, joga na próxima semana a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Assim, enquanto os gregos carregavam no ataque, especialmente no flanco direito da defesa “encarnada” (onde Nélson surgia muito desapoiado), o Benfica cometia erros defensivos e revelava lentidão na saída para o ataque. Mercê da virilidade e certeza com que o AEK defendia no miolo, tornava-se impossível aos quatro médios interiores do Benfica fazerem a circulação de bola que já chegou a maravilhar no início de temporada, especialmente diante do Bordéus.

Assim, não espantou que logo aos 5 minutos tenha cheirado a golo, mas Quim defendeu com uma sapatada um remate de longe de Júlio César (o tal que chegou a brilhar em Portugal). Mas o AEK chegaria mesmo ao golo aos 19’, num lance de insistência de Kapetanos, que rematou certeiro à entrada da área após, numa primeira tentativa, ter acertado em Léo. O que não se esperava era que quatro minutos depois o Benfica sofresse o segundo tento, desta feita finalizado (em posição de fora-de-jogo) por Liberopoulos, após passe de Ivic.

De extremos...
O treinador do Benfica, Fernando Santos, nem quis esperar mais e abdicou do 4-4-2, fazendo entrar Paulo Jorge para o flanco esquerdo do ataque e abdicando de Karagounis. Passava o Benfica a jogar no habitual 4-2-3-1, com Manú, Rui Costa e o ex-boavisteiro no apoio a Nuno Gomes. E até que o Benfica pegou mais no jogo, mas seria novamente surpreendido no contra-ataque, aos 40’, desta feita por Kapetanos que bisou após correr sozinho meio-campo, deixando para trás Luisão e Ricardo Rocha.

O resultado atingia números assustadores, mas, logo de seguida, Manú (o melhor no Benfica) fez questão de travar a euforia grega, fazendo aquilo que mais sabe: arrancar pela direita e centrar com conta, peso e medida. Quem não se fez rogado foi Paulo Jorge que, nas costas dos centrais gregos, apareceu a cabecear da melhor forma. O Benfica ganhava algum ânimo à beira do intervalo, mas seria suficiente para levar a equipa até um patamar que fizesse esquecer os maus 40 minutos iniciais?

Preocupante
No entanto, apesar de ter apresentado um jogo mais estabilizado, o Benfica mostrou, na etapa complementar, não possuir um fio condutor que colocasse a equipa adversária em perigo. Dito de outra forma, o AEK defendeu bem, raramente saindo para o contra-ataque, mas o Benfica foi incapaz de criar lances de perigo. Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes em que os pupilos de Fernando Santos chegaram com a bola controlada à zona de remate. Foi mesmo preocupante ver como a segunda parte decorreu e nem uma oportunidade de golo foi criada por um Benfica que tinha dois tentos de desvantagem. Nem mesmo Fonseca, na sua estreia, pôde fazer a diferença...

À imagem do que aconteceu no Torneio Guadiana, este foi um Benfica curto, ou seja, sem capacidade de dominar o adversário e, acima de tudo, de dar fluidez ao seu jogo, especialmente a partir da zona de construção do meio-campo recuado. Restam, agora, oito dias para que o Benfica recupere os níveis de confiança, trabalhe muito e se apresente em Viena, diante do Austria, com capacidade suficiente para mostrar aquilo de que é capaz, sob pena de sofrer um forte amargo de boca na principal competição de clubes. Esta é, pois, uma semana de grande importância para a equipa orientada por Fernando Santos.

Ficha de Jogo:
Estádio Olímpico Spiros Louis
Árbitro: Giorgios Kasnateris

AEK ATENAS
Sorrentino; Cirillo; Moras, Pautaso e Georgeas; Emerson, Ivic e Lagos; Júlio César, Liberopoulos e Kapetanos.
Treinador:Serra Ferrer

BENFICA
Quim; Nélson, Luisão, Ricardo Rocha e Léo; Petit, Katsouranis, Karagounis e Rui Costa; Manú e Nuno Gomes.
Suplentes: Moreira, Alcides, Anderson, Nuno Assis, Paulo Jorge, Diego, Mantorras e Fonseca.
Treinador: Fernando Santos

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